A continuidade do cumprimento da promessa de Deus de Salvação do Homem, por meio da declaração de que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
OS RESULTADOS DO DIA DO SENHOR
INTRODUÇÃO
Nos últimos domingos percorremos o livro de Joel onde vislumbramos em sua mensagem o anúncio do Grande Dia do Senhor. Um evento de proporções cósmicas, não regionalizadas, em que o Criador julgaria não apenas Israel, mas todas as nações, condenando o mundo em seu pecado, mas preservando o seu remanescente fiel, a fim de que fossem abençoados e assim também a criação fosse abençoada em sua restauração.
Sim, o argumento principal de Joel, sem sombra de dúvidas, é a promessa de que o Grande dia do Senhor virá!
Esta promessa, como vimos, não era algo que estava atrelado apenas ao futuro, mas seus efeitos, aspectos de seu cumprimento e percepções de sua veracidade foram experimentadas pelo povo desde aquele tempo e seria testemunhada ao longo dos eventos, até seu total cumprimento.
Este é um aspecto da promessa do Senhor que precisa chamar nossa atenção. Não se trata de um evento isolado no tempo futuro, que cobra do povo apenas o preparo de alguma maneira, mas que carrega em si algumas características de cumprimento imediato e outras de cumprimento futuro. Veja! Não era apenas o julgamento definitivo que foi anunciado por Joel, mas na invasão dos gafanhotos e tribulação local, ele apontou para o julgamento que se desenrolaria não apenas sobre a nação de Israel, mas todas as nações.
A promessa do Grande Dia do Senhor e da libertação e restauração completa da qual gozariam os fieis, não seria experimentada apenas num futuro distante, mas como vimos, a promessa carregava elementos de estavam se cumprindo naquele mesmo instante, que seriam percebidos nos dias vindouros, que se cumpriram no advento do Cristo e do derramar do Espírito, e que seriam consumados sim no julgamento final.
Este aspecto da promessa de restauração do homem para o convívio de intimidade com seu criador, é o que nos leva de volta à bíblia diariamente. Não se trata apenas de um ponto na agenda celestial, mas de um desenvolvimento de eventos na história humana até a intervenção divina definitiva. Não se trata apenas um único momento em que Deus decide interromper a história de aflição e autodestruição, afirmando, nada mais quero com vocês, mas é ao mesmo tempo uma advertência coberta de eventos e sinais que apontam para uma necessidade urgente de arrependimento, de correção e de acerto da criatura com seu criador, do povo com o senu Rei, antes que ele execute juízo contra aqueles que lhe pertencem, mas não apenas isso, a promessa do Grande Dia do Senhor, como vimos, trazia consigo uma série de intervenções divinas em meio ao povo, a fim de prepará-lo para o dia do juízo, apontando para o caráter bondoso e misericordioso de Deus que, ciente de nossa incapacidade de agradá-lo e de observar a sua lei, devido nossa carnalidade escravizada pelo pecado, Ele viria a chamar, relembrar e doar de si mesmo ao povo que Ele conheceu, que Ele formou e amou.
PONTO 1 – O DIA DO SENHOR RESULTARÁ SA RESTAURAÇÃO DO SEU POVO (Verso 17)
17 "Assim vocês saberão que eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que habito em Sião, o meu santo monte. Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela. (Joel 3:17)
Assim como? Ora! No advento destas coisas descritas neste livro, do juízo sobre judá e da restauração do remanescente. Do juízo de Deus sobre as nações inimigas e da forma como o seu povo será restaurado e vingado. Diante do escurecer dos luzeiros celestiais e da voz celeste fazendo tremerem céus e terra, diante destes poderes, todos saberão que o Senhor, o Deus de Israel, habita entre os homens.
O monte Sião era uma fortaleza dos Jebuseus que foi conquistada por Davi, conforme nos narra 2Samuel5. Aquele monte ficava na região de Canaã, e a partir dali, Davi passou a morar naquela fortaleza e esta passou a ser conhecida como a cidade de Davi. Seu filho Salomão, por sua vez, construiu o templo ao Senhor, num monte de região limítrofe. Assim, Sião passou a ser usado não apenas para aquele monte da cidade de Davi, mas para toda aquela região, para designar a cidade de Jerusalém e o templo do Senhor.
Estas declarações apontam para a consumação daquele que será o Dia do Senhor. Se olharmos para apocalipse 21, quando João narra a sua visão de novos céus e nova terra, lá encontramos nos primeiros versos:
1 E vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva enfeitada para o seu noivo. (Apocalipse 21:1-2)
E ainda:
10 E ele me levou, no Espírito, a uma grande e elevada montanha e me mostrou a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, 11 a qual tem a glória de Deus. (Apocalipse 21:10-11a)
A forma como João narra sua visão celestial da Santa Cidade, que desceu do céu e encontrava-se em nova terra, apresenta uma enorme coesão com a narrativa de Joel, por isso podemos ter pors expectativa tratar-se não de algo que se manifestará antes ou durante o Grande Dia do Senhor, mas depois, quando o mal tiver sido julgado e a santidade da criação tiver sido restaurada.
23 A cidade não precisa do sol nem da lua para lhe dar claridade, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada. 24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. 25 Os seus portões jamais se fecharão de dia, pois nela não haverá noite. 26 E lhe trarão a glória e a honra das nações. 27 Nela não entrará nada que seja impuro, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. (Apocalipse 21:23-27)
Esta restauração do povo e da consciência do povo a respeito de quem eram e de quem Deus é, só foi possível graças ao derramar do Espírito. Sim! Sem este Espírito os homens continuariam perseguindo o Cristo sem reconhecê-lo.
Hoje temos condições de reconhecer o governo deste Deus, do seu Cristo, em oposição aos governos humanos, e com a consciência de que é a esta nação celestial que pertencemos, graças ao Espírito que entre nós foi derramado e opera desde já até que se manifesta o dia do Senhor.
PONTO 2 – O DIA DO SENHOR RESULTARÁ NA RESTAURAÇÃO DA CRIAÇÃO (Verso 18)
E acontecerá que, naquele dia, os montes destilarão vinho, e as colinas manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de água. Uma fonte sairá da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim. (Joel 3:18)
Os elementos apresentados aqui remetem à riqueza, à prosperidade, mas principalmente à noção de bênçãos derramadas da parte de Deus. O vinho é elemento de alegria e celebração. Vemos nele e no seu uso junto a ceia como um memorial do Sangue de Cristo, que foi derramado em nosso favor. Este entretanto deve ser recebido com reverência e gratidão, mas não com tristeza ou derrota, mas com a alegria da vitória. O próprio Cristo atribui ao elemento do vinho durante a cei um significado especial de vitória, pois declara que não mais dele beberia novamente do fruto da videira, até beber com seus amados o novo vinho no reino de Deus.
A promessa de uma terra que mana leite está em consonância com a promessa de Canaã, na qual o monte Sião está localizado. A declaração de que os rios de Judá estarão cheio de água e que uma fonte sairá da casa do Senhor até o vale de Sitim, ou seja, até uma região deserta e pouco favorecida, antes mesmo do Jordão que era limítrofe da terra prometida, aponta para uma bênção completa e perfeita sobre sua cidade que impacta toda a terra.
Zacarias 14:8, também falando do dia do Senhor, anuncia esta abundância de vida fluindo em todas as direções do mundo a partir da cidade do Senhor.
E o grande Dia do Senhor tem este caráter de alegria e celebração, sim. Mas também de juízo, de julgamento entre as nações. Lembro-me aqui de um pregador, o pastor João Batista. Ele tem um estilo de pregação manso, tranquilo e de certa maneira me faz lembrar o livro de Joel. Ele prega contra o pecado mas não acusa algum pecado em específico.
Ao conversar com alguns irmãos, sempre ouvi da percepção deles como a palavra do Pregador era doce e agradável. E eu em muitos momento ficava como que me perguntando se eles tinham ouvido a mesma pregação que eu, por que sempre me via muito confrontado naquelas pregações. E não obstante, o livro de joel, mesmo sem declarar abertamente nenhum pecado, deixa claro que há um castigo, um chamado ao arrependimento e uma obra de misericórdia sendo operada por Deus no presente, ao mesmo tempo que entre uma promessa futura de consumação.
PONTO 3 – O DIA DO SENHOR RESULTARÁ NO JULGAMENTO DEFINITIVO DAS NAÇÕES (Verso 19)
O Egito se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto abandonado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. (Joel 2:19)
Aqui temos então duas figuras singulares sendo apresentadas. O Egito e Edom.
O Egito sempre foi sinônimo da idolatria e da oposição ao Deus verdadeiro. Foi a cidade que escravizou e humilhou os descendentes de Abraão, que foi muitas vezes buscada pelo povo em pecado, apontando para a loucura de procurar vida em meio a regiões da morte, e muitas vezes foi usado também na disciplina do povo. O Egito, diz o texto, se tornaria uma terra desolada diante do juízo do Grande Dia do Senhor. Ou seja, uma terra sem esperança e sem qualquer evidência de força e glória que por muitos anos ludibriou os homens.
Edom tinha uma característica diferente. Também uma nação inimiga e que recusou dar passagem a Israel, mas tinha por diferencial serem mais próximas, como irmãos. Edom era da descendência de Esaú, irmão de Jacó. Sim, este Jacó que comprou a benção da primogenitura de seu irmão Esaú é aquele que foi nomeado por Deus como Israel e de onde vieram as tribos. Havia ali não apenas uma relação de sangue, mas uma amargura profunda entre Edom e Israel.
A condenação de Edom aponta para a condenação daqueles que se opuserem a Deus e ao seu povo. Tudo isso devido a violência com que trataram ao seu povo.
Hoje entendemos claramente que a promessa dada por Deus, de que resgataria o homem da sua condição de morte para uma nova vida em sua presença, passava pelo cumprimento de várias etapas previstas por este Deus soberano que desejava manifestar o Salvador, o vitorioso Cristo que pisaria cabeça da serpente e derrotaria a morte.
Ele prometeu no gênesis a vitória. Ele prometeu a Abraão um descendente. Ele prometeu a Moisés um sacerdote, a seu povo uma terra! A Davi um trono e as nações ele prometeu uma solução e a bênção por meio da sua semente. Este julgamento contra os inimigos da nação de Israel, é um julgamento contra o remanescente fiel, aquele que seria preservado e integrado por aqueles que confessassem que Jesus é o Senhor.
Nós, a sua igreja, somos aqueles que receberam a partir de Deus o Espírito de convencimento; a partir dos Judeus o Cristo manifesto; a partir do Cristo a remissão dos pecados. Assim, somos aqueles que foram alcançados pelas bênçãos da promessa divina.
PONTO 4 – O DIA DO SENHOR RESULTARÁ NO CUMPRIMENTO FINAL E DEFINITIVO DA PROMESSA ETERNA (Versos 20 e 21)
Judá, porém, será habitada para sempre, e Jerusalém, de geração em geração. (Joel 3:20)
Judá, a tribo de onde procederia o rei, sua porção e sua cidade. Estes seriam aqueles que desfrutariam eternamente da paz de Sião. Em Cristo, pelo seu sangue, somos estes recebidos com seus irmãos e irmãs. Não apenas servos comprados, mas amigos os quais Ele nos comunica o que o Pai faz. Temos comunhão então com este Deus e esta filiação em Cristo, por causa do Espírito e do Sangue que nos cobre.
Assim, a esperança de Israel é a esperança das nações, e as bênçãos sobre Judá são as bênçãos sobre todos aqueles que se dobraram ao rei, ao Leão de Judá.
Eu vingarei o sangue deles, que ainda não foi vingado." E o Senhor habitará em Sião. (Joel 3:21)
O profeta conclui sua profecia com a declaração de que o Senhor, naquele grande dia de vitória e de bênçãos, também limparia, purificaria, remiria todos aqueles que não haviam sido remidos. Esta paz eterna seria completa e abrangente. Não mais limitada as experiências de uma nação ou experiência parciais. Mas que sim, todos aqueles que se opuseram a Deus seriam julgados e todos aqueles que que confiaram no Rei, seriam remidos.
A consonância entre bênção e juízo chegaria ao clímax de ser percebida e recebida por toda a humanidade, sem exceção, conduzindo a uma era de perfeita paz e comunhão dos homens com o seu Criador.
CONCLUSÃO
O propósito fundamental deste livro foi o de anunciar o Dia do Senhor. Ele teve por propósito explicar algumas questões imediatas que assolavam Israel naqueles dias, mas o objetivo central foi o de trabalhar a continuidade do cumprimento da promessa de Deus de Salvação do Homem, por meio da declaração de que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Esta declaração permeia a promessa de bênçãos para as nações desde Abraão, e em Atos 2 encontra sua aplicação imediata, quando no derramar de Seu espírito o Senhor capacita os homens a invocá-lo em espírito e em verdade.
Assim, cabe-nos voltar os nosso olhos para apocalipse e para a forma como João nos retrata o dia do Senhor:
Apocalipse 1:9-10 Eu, João, irmão e companheiro de vocês na tribulação, no reino e na perseverança em Jesus, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Achei-me no Espírito, no dia do Senhor...
Apocalipse 22:6-7 Então o anjo me disse: — Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer. — Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.